A Faculdade Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG) integra novo projeto do SUSe de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (FF/UFG), por meio do Centro Avançado de Tecnologia Digital em Cuidado Farmacêutico (CAD-Telefar), passou a integrar o Serviço de Telecuidado Farmacêutico do Ministério da Saúde. O projeto, pioneiro no país, é voltado a pessoas que vivem com hipertensão arterial pulmonar (HAP) e tem como objetivo acompanhar o processo de uso de medicamentos e monitorar a titulação do selexipague, um ajuste gradual da dosagem para garantir mais segurança e eficácia no tratamento.
O projeto-piloto do serviço foi desenvolvido em parceria com os núcleos de telessaúde da UFG e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acompanhado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e realizado inicialmente com as secretarias estaduais de Saúde do Espírito Santo e do Paraná. Hoje, já está em fase de expansão, atendendo pacientes em sete estados: Paraná, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Pernambuco.
Papel do farmacêutico
De acordo com o professor Flavio Marques Lopes, da Faculdade de Farmácia da UFG e integrante do Laboratório de Pesquisa em Ensino e Serviços de Saúde, a participação da instituição fortalece a valorização do farmacêutico dentro do SUS.
“Mostramos aos alunos e à sociedade que o farmacêutico tem um papel muito além da dispensação. Ele atua ativamente no acompanhamento terapêutico, garantindo segurança, adesão e melhores resultados clínicos. Isso fortalece a imagem do farmacêutico como profissional de saúde essencial no SUS e dá visibilidade à importância do cuidado farmacêutico no cotidiano dos pacientes", destacou.
Durante a titulação do selexipague, o farmacêutico tem papel central. É ele quem orienta o paciente sobre os ajustes de dose, identifica precocemente possíveis reações adversas e atua de forma integrada com a equipe multiprofissional, acionando médicos por teleinterconsulta sempre que necessário. Todo o acompanhamento é registrado em prontuário eletrônico, o que favorece um cuidado coordenado e compartilhado.
Mais segurança e qualidade de vida para os pacientes
O telecuidado possibilita que pacientes com hipertensão arterial pulmonar, mesmo distantes dos grandes centros, recebam acompanhamento contínuo. Para o professor Flavio, isso representa um grande avanço:
“O paciente não se sente sozinho. A gente consegue acompanhar se ele está tomando o medicamento corretamente, tirar dúvidas no momento em que surgem e agir rapidamente diante de reações adversas. Isso dá mais segurança, evita complicações e melhora a qualidade de vida, criando uma relação de confiança com a equipe de saúde.”
Modelo para o futuro
Segundo o docente, a experiência do telecuidado farmacêutico com o selexipague tem potencial para ser ampliada a outros medicamentos e doenças no SUS:
“A experiência mostra como o farmacêutico pode assumir um papel central em tratamentos complexos. Quando unimos conhecimento clínico, telessaúde e trabalho multiprofissional, oferecemos mais segurança ao paciente e alcançamos melhores resultados. Esse modelo pode ser replicado para outros medicamentos recém-incorporados ao SUS e para diferentes doenças crônicas.”
Atualmente, o CAD-Telefar já está em tratativas com o Ministério da Saúde para definir novos medicamentos que receberão esse acompanhamento especializado. No âmbito da UFG, o centro também desenvolve, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, um projeto de telecuidado farmacêutico voltado ao Centro de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa, por meio do Programa PET-Saúde Digital.
Integração e expansão
A inserção da UFG no projeto partiu de uma demanda prevista no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hipertensão Arterial Pulmonar, que determinava a necessidade de viabilizar o processo de titulação do selexipague. Nesse contexto, o Ministério da Saúde e o Conass convidaram os núcleos de telessaúde da UFG e da UFMG a propor soluções para o desafio.
“Na ocasião, coloquei -me à disposição para ser o primeiro farmacêutico do programa, em um projeto-piloto que acompanhou três pacientes em uso do selexipague. A partir dessa experiência, diversos ajustes foram feitos e hoje o serviço já alcança pacientes em sete estados brasileiros”, explicou o professor Flavio.
O avanço reforça como a integração entre universidades, gestores e serviços de saúde pode gerar soluções inovadoras e efetivas dentro do SUS, consolidando o papel do farmacêutico como protagonista do cuidado e garantindo qualidade no tratamento dos pacientes.
Por Mayara da Costa - Jornalista do CRF-GO