Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos alerta para o risco crescente e o papel crucial dos farmacêuticos na prevenção
Hospitais brasileiros estão enfrentando um aumento alarmante no número de casos de micro-organismos altamente resistentes aos tratamentos com antibióticos, conhecidos como superbactérias. Segundo um novo estudo da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (Afip), das 71.064 amostras coletadas em unidades de saúde em 2023, 6,5% testaram positivo para as bactérias pesquisadas, que são resistentes a múltiplos antibióticos.
Essas superbactérias são resistentes a três ou mais classes de antibióticos, o que torna o tratamento de infecções causadas por elas extremamente difícil e, em muitos casos, ineficaz. A resistência antimicrobiana (RAM) tem se tornado uma das maiores ameaças à saúde global, representando um risco crescente para o controle de infecções em hospitais e na comunidade em geral.
A RAM ocorre quando microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, evoluem e deixam de responder aos medicamentos que antes eram eficazes. Este fenômeno está se espalhando rapidamente pelo mundo e foi responsável por quase 1,3 milhão de mortes em 2019, superando até mesmo doenças como a Aids e a malária, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP). A situação tende a piorar se não houver uma ação coordenada globalmente para combatê-la.
De 18 a 24 de novembro, é celebrada a Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos, uma campanha global que reforça a importância do uso responsável desses medicamentos essenciais. O Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO) se une a essa iniciativa com o objetivo de promover a educação sobre o uso consciente de antimicrobianos e combater a resistência antimicrobiana.
Os farmacêuticos desempenham um papel essencial na prevenção da RAM, orientando os pacientes sobre o uso correto dos medicamentos, prevenindo a automedicação e educando sobre os riscos do uso indiscriminado de antibióticos. Daniel Jesus, diretor-secretário do CRF-GO, destaca que a resistência antimicrobiana não afeta apenas os seres humanos, mas também impacta animais e o meio ambiente, tornando-se um desafio global que exige ações coordenadas. Ele também ressalta a responsabilidade dos farmacêuticos. “Nosso papel é garantir que os antimicrobianos sejam usados de forma adequada e consciente. Informar a população sobre os riscos da automedicação, a importância de seguir corretamente as prescrições médicas e evitar o uso indiscriminado de antibióticos é essencial. O trabalho contínuo dos farmacêuticos é fundamental para garantir a saúde pública e combater a resistência antimicrobiana”, afirma.